É com grande pesar e decepção que a Confederação dos Servidores Públicos do Brasil – CSPB e seu conjunto de entidades filiadas vêm a público rechaçar recente declaração do Ministro da Economia, Paulo Guedes, em entrevista ao Jornal Folha de São Paulo (saiba mais). Na oportunidade, Guedes utilizou-se de discurso vil com objetivo de jogar a opinião pública contra as categorias do setor público, de maneira a justificar pacote de maldades na esteira de sua proposta de “reforma” Administrativa, mais um mecanismo que tem como meta o desmantelamento dos serviços públicos do país.

Na entrevista, Paulo Guedes antecipou os principais pontos dessas medidas, afirmou que os ricos sabem capitalizar seus recursos, enquanto os pobres não poupam e acusou os servidores públicos de maltratarem os brasileiros. “Um menino, desde cedo, sabe que ele é um ser de responsabilidade quando tem de poupar. Os ricos capitalizam seus recursos. Os pobres consomem tudo”, afirmou.

O ministro também disparou contra os servidores públicos: “O Brasil nem acaba com estabilidade nem valoriza o servidor. Eles são detestados e temidos pela opinião pública. Ninguém abraça o funcionário público, porque ninguém os vê como servidores, vê como autoridades. Ele é o cara que, quando você vai tirar um documento, te trata mal”.

A ofensiva do governo contra os servidores públicos não guarda relação com a realidade. Trata-se de buscar esconder o cerne do problema: receitas cada vez mais escassas para o financiamento de serviços essenciais à população, conjuntamente com a sobrecarga profissional resultante da fórmula insustentável de cortar investimentos em um período de crescimento das demandas por saúde, educação segurança, proteção social e demais serviços ainda ofertados pelo Estado.

Como se não bastasse a insatisfação das categorias do setor público com a retirada abrupta de seus diretos e garantias constitucionais que asseguram a boa execução de suas atividades, o governo, de maneira covarde, joga no “colo” desses profissionais as mazelas resultantes do sucateamento em curso. É na ponta, no atendimento à população, que o Estado se faz presente na vida dos cidadãos contribuintes. O salário indireto de ter serviços de qualidade ofertados pelo Estado arrecadador, é o que legitima a cobrança de impostos junto a população. Usar parcela significativa desses recursos para remunerar credores de uma dívida pública jamais auditada e aonde recaem fortes suspeitas de irregularidades, é manter privilégios incompatíveis com a realidade social do país. Preservar esse criminoso cenário simultaneamente à postura de atacar seu quadro de servidores, só colabora para o estabelecimento do caos. Repudiamos a infeliz declaração e solicitamos retratação.


5 de novembro de 2019


João Domingos Gomes dos Santos
Presidente da CSPB