Fesmepar debate violência contra a mulher em meio ao isolamento social gerado pelo COVID-19

É PRECISO ACOLHER SEM JULGAR

A Fesmepar realizou nesta quarta-feira (15/7), mais uma videoconferência do cronograma de reuniões que visa manter os trabalhos sindicais em meio ao isolamento social causado pela pandemia do COVID-19.

Coordenado pela Secretária da Mulher da Fesmepar Marta dos Santos juntamente a Diretora de Finanças Sonia Marchi, a videoconferência foi a primeira destinada as mulheres sindicalistas do Paraná e discutiu como tema central o aumento nos índices de violência contra a mulher e feminicídio em meio a pandemia.

Segundo dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMDH) em abril, quando o isolamento social já durava mais de um mês, a quantidade de denuncias de violência contra a mulher recebidas no canal 180 cresceu quase 40% em relação ao mesmo mês de 2018, levantando um alerta para o agravamento nos casos na quarentena.

Presidentes, diretoras e líderes sindicais de sindicatos de servidores filiados à Fesmepar debateram e expuseram casos reais e índices de casos de violência contra a mulher em seus municípios, buscando alternativas de auxiliar e atender essas mulheres que sofrem abusos dentro do próprio lar.

A Secretária da Mulher da Fesmepar frisou que a pandemia gera muitos outros problemas além dos graves índices de mortes e contaminação pelo COVID-19. “O 7° Encontro de Mulheres da Fesmepar realizado neste ano, (2020) aconteceu exatamente no mês em que se iniciou o isolamento sócia,l e este isolamento social nos trás mais uma carga de preocupações além da pandemia, como é o caso da violência contra a mulher, o desemprego e tantos outros problemas sociais que nos preocupa muito. Acredito que este é o momento de fomentarmos as discussões, entendermos a realidade vivida pelas mulheres e principalmente não nos calarmos”, disse Marta.

A Diretora de Finanças da Fesmepar Sonia Marchi destacou que além dos índices terem apresentado um grande aumento no número de denuncias de abusos contra as mulheres, existem também os casos de mulheres que se sentem coagidas e que por muitos motivos, acabam por não fazer a denuncia. “Hoje em dia mesmo com a expansão do empoderamento feminino e da divulgação de canais que auxiliam mulheres em situação de violência e abusos, muitas companheiras ainda não se sentem seguras em fazer a denuncia, isso nos mostra o quanto ainda é grande o nosso caminho de luta a ser percorrido contra o machismo estrutural”, frisou Sonia.

A Advogada Claudia Luna que atua na defesa e garantias dos direitos das mulheres em situação de violência doméstica desde 1997, expôs às participantes os quadros reais de violência, relatando que a intensificação dessa convivência obrigatória em quarentena é o retrato do que já vinha antes acontecendo. “Esses índices de violência contra a mulher que as pesquisas vem mostrando, não se dá em virtude do isolamento social gerado pela pandemia do coronavirus, na realidade, ela já existia antes, essa violência já vinha sendo considerada com aspectos de pandemia, e que certamente tem se agravado neste momento”.

“Trazendo um pouco desta realidade da violência contra a mulher durante a pandemia, na situação específica que impacta as mulheres trabalhadoras, o primeiro indício e a primeira forma que impacta a mulher trabalhadora e que ela irá se deparar é a divisão sexual desigual do trabalho, fato além da intensificação da convivência que se torna quase que obrigatória,  por questões históricas e estruturais trazidas até pelo machismo estrutural e pelo patriarcado, essa mulher será a centralizadora dos cuidados nesta casa isso se não houver um modelo familiar onde exista um compartilhamento dessas tarefas no lar ficando a cargo dessa mulher os afazeres domésticos, o cuidado com os filhos a alimentação  e muitas vezes também o sustento da família, e isso agrava instantaneamente o medo e a insegurança”.

Claudia Luna também destacou os tipos de abuso sofrido pelas mulheres, que muitas vezes não são reconhecidos como abuso e que geram impactos psicológicos para toda a vida dessas mulheres, como é o caso da humilhação e constantes xingamentos que colaboram para a diminuição da autoestima, a retirada da liberdade de crença, o controle com extrema opressão, e ainda o ato de impedir uma mulher de usar métodos contraceptivos, como a pílula do dia seguinte ou o anticoncepcional, é considerado uma prática da violência sexual, da mesma forma, obrigar uma mulher a abortar também é outra forma de abuso. “Essas mulheres precisam de amparo, precisam se sentir seguras, é preciso acolher sem julgar”.

O avanço de casos de violência contra a mulher durante o isolamento social não ocorre somente no Brasil, a Organização das Nações Unidas (ONU) tem recomendado medidas para prevenir e combater a violência doméstica durante a pandemia, com investimentos de denuncias online, serviços de emergência em farmácias e supermercados, abrigos temporários entre outras medidas.

Participaram da videoconferência presidentes e diretoras dos sindicatos de servidores públicos municipais de Pérola (SINDIPER), São Miguel do Iguaçu (SINSMI), Cafelândia (SISMUCAF), Francisco Alves (SINDISFA), Fazenda Rio Grande (SISMUF), Medianeira (SINDISMED), Capitão Leônidas Marques (SISMUCAP), Colombo (SISMUCOL), Diamante D’Oeste (SISMUCI) E sindicato dos professores de Dois Vizinhos.

Post: Elizabeth Novaes

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